17.11.22

Dezessete

É inegável a minha relação com as celestes. São definitivamente as que mais gosto. Minha genitora se chama chama Celeste e, apesar de eu não ter com ela uma afinidade ímpar, vejo no nome dela uma das razões do destino ter me feito gremista, pois grande parte dos meus tios maternos são vermelhos. Mas eu não poderia ser vermelho. Não mesmo. 

Fui, em razão deste destino, criado por uma das gremistas mais fanáticas que este mundo já viu e ainda vê, a minha avó. Que afinal sempre chamei de mãe. Não me lembro quando e nem o motivo. Não foi por gosto ou à força. Simplesmente aconteceu. Mas eu sei e sempre soube da verdade que nunca deixou de constar no meu RG. E as celestes, por fim, sempre farão parte da minha vida.

Esta camiseta é mais uma da sessão  brechó. Achamos ela no @jl_tricolor e a ganhei de presente, dia 12 de junho deste ano, da minha estimada e muito amada companheira de todos os dias @pamelaalves479. 

Dezesseis

E os anos 90, pouco a pouco, vão se completando.  Não são todas as camisetas que contarão histórias dramáticas ou supostamente engraçadas. Algumas a gente simplesmente compra. Nova ou usada. 

E esta camiseta não teria sido adquirida se não fosse pelo mero acaso de eu estar na hora certa e no lugar exato. Na Estação Farrapos. Foi lá que encontrei-me com o Márcio da @capocamisaria e fizemos este escambo através das roletas da estação. Havia dúvida da minha parte quanto ao tamanho. Mas ali mesmo tratei de experimentá-la. Como visto, deu certo.

E mais uma se junta ao armário. 

As Celestes dos anos 90 já são realidade.

19.9.22

Quinze. A mais bonita do mundo!

Vez e outra é preciso fazer uma escolha. Porém, eu não imaginava o quão rara se tornaria esta lenda de 2005, que foi escolhida a mais bonita do mundo naquele ano. E só descobri isso quando comecei a procurá-la. Além de difícil de ser achada, as que encontrei por aí extrapolavam e muito o meu orçamento. Claro que algumas eram impecáveis. Mas, pelo menos eu, tenho um "teto" para este hobbie que conservo. Certa vez, recebi uma proposta até. Mas envolvia troca. Nada feito. O que consigo, morre comigo. E assim os anos foram passando. Fui adquirindo outros mantos que estavam na fila da frente, até que em dezembro do ano passado, passeando com a patroa pelo centro, vi um senhor sessentão já, ali no Ki Lanches Farroupilha. Para quem não conhece é um "cachorrão". E apesar de ser bem no miolo do centro, é daqueles bem raiz. 

Este senhor, estava acompanhado de uma senhora. Bebiam um litrão de uma ceva qualquer. Quando os vi, comentei com a minha esposa: veja, a camiseta de 2005! Calculei que seria uma boa hora, para fazer uma proposta. Deixei a esposa esperando, e fui lá. Pedi licença, me apresentei e em seguida perguntei a respeito da camiseta. Disse que eu "coleciono" camisetas. Curioso que ele não me disse o nome quando perguntei. Ao invés disso ele falou: pode me chamar de Negrão, guri! De fato, ele era preto, e achei o máximo ele ter falado daquela maneira. Me trouxe, com isso, para perto dele como se diz. Me convidou inclusive para sentar-se com eles. Infelizmente não pude aceitar o convite. A patroa já estava se chateando com a minha demora. Até que fiz uma proposta. Ele pensou, mas no momento recusou. Engraçado foi a senhora dele dizer: "mas home, venda logo isso daí!"; eu tive que rir. Aí ela mesma me disse: "ele vende! Anote o teu número aqui que entraremos em contato contigo.". Porém, talvez ela não tenha notado que aquela conversa não se tratava apenas de uma compra e venda. Havia ali, sentimentalismo!

De noite, quando eu menos esperava, o Negrão me mandou um áudio. Me fez uma contraproposta. Aí eu disse que não podia lhe oferecer mais, e de fato, não podia. No outro dia tornou-me a me mandar um áudio que faço questão de reproduzir integralmente: "- Que hora tu quer pegá a camisa, então? Vamo fazê esse brique, tô precisando cara! Outra coisa, vou lavar pra ti, daí ali por umas dez, onze horas, o que tu acha, me liga, lavo ela e "boto" "seca", me dá o retorno aí!". Feito, então! - eu disse.

Se tem uma coisa que eu acredito é que nada acontece por mero acaso. Não foi à toa que eu o encontrei naquela tarde. De fato, o Negrão precisava dos pilas que eu lhe ofereci. Do contrário, não teria retornado. Como se diz, um ajudou ao outro, afinal eu queria a camiseta. No sábado pela manhã, ele novamente me mandou um áudio: "aí ó, estendi agora aqui no sol, tá?". Depois uma foto! Que humildade, do homem! E assim foi como consegui esta raridade. 16 anos depois. Apesar dela também não ter mais o logo do Banrisul, feito a de 2006, para mim é como se fosse nova. E com certeza cuidarei muito bem dela. 

18.9.22

Treze e cartorze! O retorno à primeira divisão e a retrô de 81.

Após lançar aquela que foi escolhida a camiseta mais bonita do mundo em 2005, no ano seguinte, o Grêmio retornou para a primeira divisão. 

E em 2006, o time de Mano Menezes fez excelente campanha e acabou ficando em terceiro lugar e garantiu vaga direta para a Libertadores da América. E o uniforme lançado para o ano de 2006, o segundo da era Puma, tinha como característica uma manga preta e outra azul. E a gola que passou a ser redonda e na cor branca. Em relação a anterior, deixou a desejar na minha opinião. Tanto que não a comprei na época. E só a comprei porque mais uma vez, o seu Roque, aquele da Perusso, fazia do nada umas promoções absurdas... 

E com um pouco de sorte, já em 2008, num dia qualquer fui na Perusso dar uma "sapiada". Dali a pouco, no meio da arara de camisetas, ali estava ela... a camiseta de 2006, porém, para a minha surpresa ela tinha mangas longas. Mangas longas? Não hesitei! A sorte na verdade não foi pouca, eu tive muita sorte naquela tarde. Além de ser mangas longas, carregava nas costas o número 8. Normalmente ou era 9, ou 10. E outro fator, é claro... o preço! R$ 99,00. Porém, acabei fazendo uma bobagem anos mais tarde. Deliberadamente, arranquei o patrocinador da camiseta. A logo do Banrisul, numa tentativa de deixar a camiseta mais "limpa". Estraguei a camiseta. Fiz isso porque eu a usava pouco, peguei certo "ranço" com a camiseta porque toda vez que eu a vestia em dia de jogo, o Grêmio perdia ou empatava... aí eu a aposentei. Sou supersticioso, sim! Mas a guardo com carinho, apesar de ter feito uma judiaria com ela. Quando tirei o patrocinador, acabou ficando um pedaço pequeno, mas percebível se olhado de perto.

E naquela mesma tarde, aproveitando o embalo eu levei também a retrô de 1981 que foi lançada em 2008. Na verdade, entrei na loja procurando por ela e achei a outra. Esta, usei mais vezes. Em dia de jogo, inclusive.E já no caixa, na hora do pagamento, como de costume, aquele chorinho de consumidor... A camiseta de 2006, saiu pelo preço final de R$ 79,00. Esse seu Roque! Um baita sujeito!

16.9.22

119 anos!

Foi ontem, eu sei. Mas não tive tempo hábil para felicitar o Grêmio neste espaço que mantenho há dois anos ininterruptos. Pude, no máximo, escrever poucas linhas sobre este sentimento que tenho desde quando me conheço por gente. Ficou bom, acredito. Porque essas linhas que escrevi no dia de ontem acompanharam a maior prova de amor que fiz por este clube, nestes 37 anos que tenho de idade. É devido a este acompanhamento que não tive tempo. A obra levou 4 horas e 1/2 para ficar pronta. Quanto ao manuscrito, não irei reproduzir novamente para que o mesmo não se torne maçante, repetitivo. Quem viu, viu. Quem leu, leu. Quem não viu e não leu deixo que a curiosidade de cada um imagine o que achar justo. 


Eis então o registro da minha homenagem ao Grêmio pelos seus 119 anos. Não somente ao Grêmio, mas também ao palco das suas maiores (em quantidade) conquistas. O Olímpico Monumental. O Velho Casarão que, a partir do dia de ontem, me acompanhará até o fim dos meus dias. Algo que demorei muitos anos para fazer, apesar da vontade que sempre tive. Pois agora, está feito! Arrumei a coragem necessária, graças à minha esposa que me deu todo o apoio!

Esta obra prima foi feita pelo tatuador Angel Oliveira, que reuniu 3 imagens, numa só. Um trabalho de fina maestria, de muita paciência. Meu agradecimento ao baita trampo que ele realizou. As imagens principais (estádio e símbolo) é de um jogo do Grêmio, contra o Coritiba em outubro de 2012. O último jogo que fui no Velho Casarão. Encontrei no site do Dücker, um dos retratistas mais conhecidos quando o assunto é Grêmio. O restante, é uma imagem do Olímpico que dá ênfase aos arcos que encontrei no Pinterest. 

Por fim, era isso!

Feliz aniversário, de novo, Grêmio!

Contigo, minha vida é mais feliz!

Que venham novas glórias daqui para frente!

22.7.22

parte 12. escamas ou arcos do Monumental?

Para mim, sem dúvida nenhuma, é uma das mais bonitas camisetas que o Grêmio já lançou. Por sinal, é uma das mais raras camisetas. Pelo menos, é o sentimento que tenho em relação a ela. Pois demorei e muito para encontrá-la. E só a encontrei depois que entrei novamente no mundinho das redes sociais atuais do momento. 

Já é sabido para quem acompanha todos estes relatos. Sou dos anos 80, mas fui forjado nos anos 90. Foi nesta década que comecei a acompanhar o Grêmio. Quando me tornei neste fanático ensandecido. 

Em 1995 ironia ou não, coisa do destino sei lá, o Grêmio disputava, precisamente 1 ano e 1 dia depois daquele gol do Nildo, uma vaga na final da Copa Libertadores da América contra o Emelec. Não há como eu me esquecer daquele dia porque o jogo foi de tarde. Às 14 horas. Tempo louco aquele. Jogo de tarde? E não me esqueço daquela tarde porque desta vez o pai e a mãe estavam comigo. Era a primeira semifinal de uma LA que eu assistia. Aliás, naquele ano tudo foi a primeira vez. O Grêmio não venceu naquela tarde do dia 11 de agosto, mas deu um passo muito importante naquela campanha que ficaria para sempre na história do clube. Bem como na minha história de torcedor. 

Naquela partida o Grêmio utilizou um terceiro uniforme. Diferente de todos que eu já tinha visto. A camiseta é até hoje é chamada por muitos de "escama de peixe". Muito embora, para mim, o seu desing me lembre muito os arcos do Velho Casarão. Foi paixão à primeira vista por aquele manto. De modo igual ao causo recém contado, levei muitos anos para tê-la em mãos. Faz poucos meses, inclusive, que a consegui. Porém, não é exatamente a mesma. No jogo contra o Emelec, o Grêmio já era patrocinado pela Renner. Mesmo assim, a camiseta muda muito pouco. Quando a obtive, fiz até uma espécie de juramento para a patroa. "Essa é a última, eu prometo". Cruzei os dedos naquela hora. Promessas assim, são impossíveis de cumprir. 


21.7.22

parte dez - eu sou o Tricolor de Porto Alegre

Agosto de 94. Naquela altura do ano o tetra era uma realidade, e o Grêmio disputaria mais uma final de Copa do Brasil. Tentarei, desta vez, ser o mais sucinto possível. Parte dez, já que a onze saiu primeiro...

Rede Machete. Que canal! Já não bastasse os seriados japoneses que a emissora transmitia, transmitiu também a finalíssima. Era a primeira final da minha vida de torcedor. E dizer que poucos meses antes, nem TV à cores tínhamos. 

Lembro de poucos flashes daquela partida. Mas o que não descola da minha retina é a visão que eu tinha do pai. Ao meu lado, ele assistia a partida. Meu pai, neste caso, trata-se na verdade do meu avô Nestor. Do meu lado direito, ele olhava ansioso para a televisão. 

Quando de repente, num lance de escanteio, Nildo Bigode subiu mais alto e mandou a bola para o fundo das redes. Era o gol do campeonato. O primeiro título que eu vi o Grêmio ganhar. Uma alegria sem igual. Porém, eu não tinha uma camiseta sequer para vestir em 1994. Que lástima. A primeiríssima, aquela que o símbolo havia sido costurado já não existia mais. E aquela camiseta tricolor de 94 se tornava ali, um sonho de consumo infantil. 

Sonho esse, só realizado muitos anos depois. Março de 2020. Quem diria. Direto do estado de Minas Gerais. Um anúncio muito oportuno e bastante em conta. Um fato raro de se ver. Não hesitei. Curiosamente, naquele dia o Grêmio jogaria contra o América de Cali pela Libertadores. Que sina.

Alguns dias de espera, de conversas pelo whats app com o vendedor e pronto. Pelo correio recebi numa caixinha uma das minhas maiores relíquias: a tricolor de 1994, com patrocínio da Coca-Cola. Feito aquela que Nildo vestia na tarde de 10 de agosto. Uma tarde que marcou para sempre a minha infância, não só pelo título, pelo gol... mas pela companhia que eu tinha ao meu lado. Esta história eu dedico ao homem que moldou o meu caráter. Obrigado, Seu Nestor! 

 

6.7.22

parte onze - mereça o manto

Não foi a primeira vez que vi um torcedor de poucos recursos vestindo um manto antigo e oficial do Grêmio. Foi num sábado que consegui uma troca que até hoje me recordo. A data em si, não sei dizer. Mas tive que recorrer a velhos retratos para ter uma ideia do tanto de tempo que eu o fiz. No mínimo, 12 anos.

A pé, a caminho do trabalho, eu vi de longe um guri. Talvez pouco mais novo do que eu, quiçá da mesma idade. Por ser cedo da manhã, a temperatura não era das mais amenas para o guri estar vestido apenas de uma surrada e bastante encardida camiseta do Grêmio, uma bermuda e um chinelo de dedo bastante precário. Quanto a camiseta, era rara por sinal. Só que ele estava muito distante, e logo sumiu de vista, se perdendo na "imensidão" do centro de Santo Ângelo. 

Logo quando cheguei no serviço, compartilhei com os colegas sobre o que tinha visto. E disse, sem hesitar, que se eu visse novamente o guri aquele, lhe faria uma proposta pela velha camiseta, pouco me importando com o estado dela em si. Porém, o piá não reapareceu de imediato, e logo pensei que nunca mais o veria. E tratei de esquecer do assunto. 

Na época, eu era balconista numa loja de material elétrico e hidráulico. Já devo ter dito isso em algum momento, enfim. O movimento era incessante. Um entra e sai de gente. E na grande maioria das vezes, o sábado era o dia dos problemas. E quanto mais se aproximava do meio-dia, mais coisa aparecia. Parecia deboche. Pois, durante a semana sobrava tanto tempo que até seriado assistíamos no final das tardes... 

Lá pela uma altura da manhã, faltando meia hora para o meio-dia, quem resolveu aparecer na rua, justamente, quando a loja estava cheia de gente? O piá da camiseta! Bá. Se dizer o que fiz, vai parecer mentira. Então melhor passar esta parte. 

Não por menos, quando me viram eu já estava conversando com o guri. Feito um maníaco, eu o parei. Imediatamente eu o indaguei sobre camiseta, que de perto, por Deus... estava péssima. Mas eu entendi perfeitamente os motivos daquela precariedade, e em nenhum momento julguei o rapaz. Lhe perguntei também se ele sabia, pelo menos, o ano daquela camiseta. Ele me disse: não sei, cara. Só sei que é velha. Ganhei numa dessas campanhas de agasalho... 

Eu precisei pensar rápido. O cara naquela altura deveria estar desconfiando de alguma coisa, pois disse a ele que já tinha lhe visto mais cedo. Disse a ele o ano da camiseta, contei-lhe que eu a muito tempo a procurava e já emendei uma proposta audaciosa. Quis mexer com o brio do rapaz. Mas antes é claro, quis saber se ele realmente tinha noção do que vestia. Disse ele que não ligava muito, que era apenas mais um gremista no mundo. Humildade. Notoriamente, eu percebi que ele não tinha condições de ter uma camiseta nova. E foi essa a proposta que eu lhe fiz. Naquele ano, por ironia, o Grêmio e a Puma haviam lançado uma réplica quase que perfeita da camiseta de 1995. Contei ao guri sobre isso. Ofereci a ele. Detalhe: o levei até a extinta Mundo dos Campeões. Ficava ali, no calçadão. Vendiam material esportivo da dupla. Mas disse a ele que se quisesse qualquer outra camiseta do Grêmio, poderia escolher. Ainda bem que o cartão de crédito tinha limite... mesmo assim, o rapaz foi tão humilde que não quis outra se não aquela réplica de 95, que por sinal era mais em conta que as demais. E ali mesmo, dentro da loja, ele experimentou a camiseta nova e não mais a tirou. E me entregou a sua velha, surrada camiseta "branca" do Grêmio do ano de 1994. Confesso que não sei dizer quem ficou mais feliz. Talvez ele, pois a camiseta nova pelo menos estava cheirosa...

Gentilmente, o vendedor da loja e talvez um tanto perplexo, me cedeu uma sacolinha para que eu pudesse por a camiseta velha dentro. Quando retornei pro meu serviço, já quase de meio-dia, os colegas ainda me zoaram a respeito do escambo. Ainda me disseram: duvido, tirar o fedor desta camiseta e a sua sujeira... e eu dei risada.

Penso, às vezes, que sou retardado. Ninguém entende esses briques que faço, ou que já fiz. Mas outras vezes penso que devemos merecer o manto sagrado. Seja ele qual for. Novo, velho... original ou não. Acredito até hoje que aquele guri merecia e muito uma camiseta nova. Eu poderia ter dado a ele dinheiro, por exemplo. Mas ele não quis. Ademais, ele pouco se importava se a camiseta que usava era velha, feia ou encardida e um tanto mal cheirosa. Usava porque era gremista. E como dizia o Sant'Ana: "ser gremista é o sonho delirante de não conseguir na vida ser uma outra coisa”. Para aquele guri, ser gremista já lhe bastava. Depois daquilo, nunca mais o vi. 

Quanto a mim, eu acreditei que poderia recuperar aquela camiseta. O retrato está aí, em dois tempos. E além desta história, esta camiseta já tem muitas outras. Foi o meu talismã na campanha em 2016. Confesso, inclusive, que a usei em todos os jogos e só a lavei depois da festa do penta campeonato. Superstições, cada um tem a sua... E veja só a camiseta que o amigo Gláucio usava naquela noite... a réplica de 95. Acredito que naquela mesma noite aquele guri estivesse por ali, festejando feliz da vida, do mesmo modo que nós.

13.5.22

nove de dezessete - e eu tenho a minha alma azul celeste

Dentro do Quadro Social, do Velho Casarão, fiz um dos maiores e melhores briques da vida. Ironia ou não, a última história contada por aqui também envolveu o Monumental. A ocasião, era a mesma. O Grêmio disputava a Libertadores em 2011, porém, o primeiro jogo foi um mata-mata. Contra o Liverpool do Uruguai. 

A ida para Porto Alegre, como de costume, ocorreu de van. Era verão, um calorão, mas o jogo seria à noite. Na época, eu trabalha na antiga Tubosul (loja de materiais de construção). A partida, que marcaria o retorno do Grêmio à Copa depois de ter ficado fora em 2010, era numa quinta-feira. Dia de semana. Tempo bom, aquele. Meu chefe, o Jarba, apesar de muito colorado, me deixava faltar o serviço para esse tipo de finalidade. Entendia, a loucura. Que barbaridade... hoje, isso não é mais possível.

E como é de praxe, eu me preparo sempre um dia antes quando viajo. Na época, não era diferente. Escolhi rigorosamente a camiseta do jogo. Faço meus rituais. Na véspera, eu havia escolhido a camiseta retrô de 1977. Camiseta que havia sido lançada em 2007, em comemoração ao título do rural de 77. A número 9, de André Catimba. Eu gostava muito daquela camiseta, diga-se. 
 
Já em Porto Alegre, com a mente um tanto alcoolizada, me dirigi ao Quadro Social pegar a carterinha. Lá dentro na fila, no meio de muitos outros gremistas, havia um que vestia a camiseta celeste de 1994. Que para mim é, de todas as celestes, a mais bonita já feita. Bom. Não por menos, é a camiseta que mais desejei ter em todos esses anos de gremismo. Sou suspeito ao falar dela. Imediatamente, fui conversar com o cara. Conversa vai, conversa vem e enquanto a fila caminhava rumo aos guichês de atendimento, fiz a proposta de trocar a minha camiseta retrô de 1977, por aquela celeste de 1994. No momento, o jovem aquele pestanejou, pareceu duvidar da minha proposta... não sei dizer, mas quando eu disse: dou a minha camiseta, mais cinquenta pila! - na hora, o cara tirou a camiseta. Sem hesitar, fiz o mesmo. Tricolor retrô de 77 pra lá, celeste de 94 pra cá. 

Vale dizer que: houve testemunhas. Tinha gente comigo, que vieram na excursão e que presenciaram o escambo. Digo também que fiz questão de dizer ao rapaz que a camiseta que eu tinha era uma retrô. Uma réplica. Lembro-me que por um momento, o Grêmio andou deixando de produzir essa retrô de 77, talvez por isso, o cara quis fazer o brique. E talvez, o cinquenta pila deu um plus no negócio. Hoje, aqueles 50 valeriam 130, mais a camiseta... Enfim. 

Eu saí dali, o mais rápido que pude. Vai que o cara se arrependesse do negócio... Nunca se sabe. Peguei a carteira de sócio e vazei. Após, recordo-me que fomos para a Azenha. Num daqueles botecos que tinham por ali. Eu mais faceiro que sapo em banhado, até que alguém me perguntou: é original? Na hora, foi como que se o trago absorvido durante todo o dia tivesse passado. Tirei a camiseta, procurei pela etiqueta e não a vi... Deus do céu, o que eu fiz, eu pensei. Alguns riram, porque eu fiquei com muita raiva na hora, porém, para o meu alívio e certeza, havia na lateral da camiseta outra etiqueta... sem falar, das marcas d'água na própria camiseta. Acho que fizeram de propósito, a pergunta. Porque eu já havia tomado um tufo na própria excursão, pois não consegui lotar a van. De 14 possíveis, apenas 10 foram comigo.

Causo contado. Desde então, tenho essa preciosidade comigo. E ela deu sorte, já no seu primeiro dia comigo. Naquela noite o Grêmio venceu os uruguaios. Voltei para Santo Ângelo nas nuvens com mais um sonho realizado.

Ano passado, quando retornei aos jogos depois de muitos anos fora, fui com ela na Arena. E sem dúvida até hoje é uma das que mais uso. 



6.5.22

5/38 - churrasco, fandango, trago e alento! é disso que o velho gosta!

Acompanhando um canal de You Tube, vi que o dono do canal também adotou os avos para contar a saga dessa segundona. Daonde tirou a ideia, não sei. Só sei que eu também adotei esta forma e assim seguirei até o fim.

Bom. Destes 5/38, em dois deles, eu estive presente. Contra o Guarani, e o C.R.B.; e dei pé quente mais uma vez. Espero, continuar dando sorte ao Grêmio. Uma lástima que, em maio, não terá um mísero jogo no final de semana em Porto Alegre. Adiantaram aquele que seria o único, no dia 21, para o dia 19. Bem no meio da semana... Mesmo assim, indo a Porto Alegre, confesso que não sei como o Grêmio anda jogando. Lá, quando presente, eu não assisto o jogo. Não consigo. Tática que tem dado certo. E em time que está ganhando, não se mexe. 

Falando nisso, dá a impressão de que o Roger encontrou o ataque certo. Elias e "Biela" (apelido que dei ao piá, que chamam de Biel, logo quando aqui chegou) jogam pelas pontas. Diego Souza, centralizado no meio da grande área fecha o ataque. Agora, a pontaria ainda é algo preocupante neste time do Grêmio. Deus do céu o que erram de gols. Dos poucos lances que pude ver, nesses dois jogos, por ironia, foram os gols que Elias perdeu. Na fuça do goleiro. É coisa de louco... 

E no domingo, dia das mães, chegaremos aos 6/38 avos da caminhada. Deste purgatório movido a casas de apostas... Quer dizer, não é somente o campeonato, mas a maioria dos canais de You Tube. Bom para quem ganha com isso. Ruim para quem perde. Literalmente. Bom, este jogo de domingo promete ser um dos mais difíceis desta segundona. Promete porque é um confronto de grife. Mesmo o time empresa estando cravado na segundona pelo segundo ano consecutivo, cautela nunca é demais... Porém, acredito que o Grêmio tem estofo para sair do Independência com os 3 pontos e recuperar a liderança da segundona. E mais: devemos mostrar a que viemos, já que estamos nela inseridos...


Agora, de saco para mala, a segundona tem seu charme. E o maior deles está fora da cancha. Pouca gente. Pelo menos agora no começo. Porque o time ainda gera desconfiança, é compreensível, mas não plausível (na minha opinião). E outra: não há büffet no mundo que se compare, a um churrasco na beira da cancha num sábado à tarde a espera de um fandango de segundona. Só os loucos se credenciam. É isso que o velho quer!


19.4.22

seis, sete e oito de dezessete - 3 em 1

Bom. Tive que abrir o álbum digital de retratos, com a finalidade de comprovar que em 2012 eu ainda tinha a camiseta número 6, de 1995. A do Roger. E como eu a consegui? Trocando! E não tinha palco melhor para tal escambo ocorrer, no ano anterior em 2011. O Olímpico Monumental. Na ocasião, o Grêmio estava disputando algum jogo válido pela Libertadores daquele ano. De repente, por perto dos arcos do velho casarão encontrei um guri trajando essa camiseta do retrato ao lado. Sim, eu estou feito um mendigo aí, é verdade. "Atirado" no chão, do posto que fica ali na Avenida Ipiranga. Na frente da IVI, o Ecoposto na época. Eu estava esperando o pessoal da van chegar do jogo. Alguém fez este registro. Não sei até hoje quem o fez. Enfim. Vamos ao escambo. Quando vi o guri, imediatamente eu o parei. Contei a ele todo o meu fascínio por aquela camiseta, pelo time campeão de 1995/96. Mas tratei também de conversar outros assuntos com ele. Infelizmente, eu perdi o contato dele e pior, não me recordo do nome, mas lembro que ele residia em Rio Grande. E que também tinha vindo de excursão naquele jogo. A proposta que fiz foi a seguinte, e alguns podem até me chamar de louco por isso, mas eu não ligo. Naquele ano o Grêmio inaugurava um novo patrocinador. A Puma deixava o Grêmio e a Topper assumia o seu lugar. Ofereci uma nova, por aquela relíquia. E ele aceitou. Fomos, portanto, até a Grêmiomania e lá dentro, realizamos a troca. Um dos meus sonhos como gremista estava realizado. E talvez o do guri também, porque aquela camiseta da Topper foi a primeira camiseta nova que ele teve. Recordo-me que ele escolheu uma camiseta com número. Eu, escolhi uma sem número. É. Eu também acabei comprando uma para mim, ao todo comprei duas camisetas. Graças a Deus eu tinha limite no cartão de crédito. E assim foi o causo de como eu comprei a minha terceira quarta camiseta oficial do Grêmio. A da Topper. 

Essa aí do lado, no caso. Confesso que eu a usei muito pouco, e está bastante conservada. 
Mas, a que realmente importava era a camisa 6, de 1995 da Penalty que eu tinha acabado de conseguir. Eu custei muito a acreditar que eu tinha feito aquela troca. Este é um outro registro que tenho dela.

Infelizmente, esta camiseta tem uma história triste. Eu não a tenho mais. De 2014 a 2016 eu morei em Caxias do Sul. E de um varal a camiseta foi roubada, em 2015. Sim, foi roubada. Devido a esse fato, eu nunca mais deixei sozinha pro lado de fora de casa uma camiseta do Grêmio que tenha sido recém lavada. Quando as lavo, fico de guarda até que sequem. Ou então secam dentro de casa. De lá pra cá já foram 7 anos. Uma lástima. Ainda me remói esse ocorrido, o meu descuido.

Pois bem, 2022. Abril, dia 19. Mais de dez anos depois daquela primeira e única sensação eu mais uma vez, por um golpe de muita sorte tenho a oportunidade e a honra de ter em mãos uma camiseta de 1995, da Penalty, a número 6. Evidente que desta vez, a camiseta não possui uma história semelhante a sua antecessora, mas garanto que muito cuidado por ela e novas histórias ela terá para contar. 

Desta vez, a saudação vai para o pessoal da ThorFut. Que deu um show de pós-venda. A camiseta, esta aqui do lado, veio lá de São Paulo e muito bem embalada dentro de uma caixinha personalizada. Meu mais sincero agradecimento, pois mais uma vez um sonho foi realizado, de novo, diga-se! Que alegria!

14.4.22

cinco de dezessete

Dia desses, fui indagado por um velho amigo meu (que é colorado, inclusive) sobre essas histórias que tenho relatado por aqui. Se eu realmente lembrava dos detalhes das partidas, nomes dos jogadores ou se eu estava dando aquela velha e boa copiada no Google. 

Em tempo: não me recordo de tudo. Alguns gols, nomes eu lembro bem. Diga-se que na última história que contei eu não me lembrava, por exemplo, do gol do Clóvis. Sequer me lembrava do nome deste jogador. Mas do primeiro gol do Itaqui, este eu lembro de forma clara e muito lúcida. Mas é só. De resto, o que eu lembrava do primeiro jogo contra o Corinthians eu relatei, também foi uma forma de relembrar a história da camiseta de jogo de 1998. E infelizmente, o autor do primeiro gol daqueles playoffs veio à óbito no dia de hoje. Freddy Rincón. Não resistiu aos ferimentos do grave acidente que se envolveu. Coisas da vida.

Como visto, eu quebrei a ordem dos fatores. Contei a história da última camiseta que adquiri. Logo, já são 18, e não 17. Porém, manterei o mesmo título. E a ordem deles, desses fatores, não altera o resultado pelo que diz a matemática. 

E aqui do lado como já percebido pelos amigos, está a camiseta de 1997. Diferente da de 1998 eu não paguei um centavo por ela. Foi um escambo que fiz com um grande amigo, que hoje infelizmente, devido corre-corre da vida, tenho pouco contato. Um amigo que por sinal é demasiadamente, colorado. O Diego. Nos conhecemos quando virei frequentador nato do boteco que ele abriu em 2010, em sociedade com outro amigo, o Falk: o extinto, mas, incomparável Canecão. Ah, o Velho Canecão. Balaços memoráveis naquele lugar. 

E tão assídua era a minha presença no Canecão que comecei a trabalhar lá com o Diego. Isso, já em 2011 se não me falha a memória. Que tempo divertido aquele. Porém, engana-se quem pensa que trabalhar num bar é coisa fácil. Lidar com gente do tipo da gente, quando mergulhada na cerveja, é brete. Mas que nada. E foi neste tempo que a amizade com o Diego se estreitou um pouco mais. Ele como colorado que é, muito fanático, sempre soube também do meu fanatismo pelo Grêmio. E jamais, nos desrespeitamos. Logo, histórias como essas que conto aqui, sobre camisetas no caso, eu já tinha conversado com ele. 

Um dia, do nada, em 2011 ele se "apresentou" com uma camiseta do Grêmio. Imediatamente, eu o indaguei: - de onde raios é essa camiseta? - me disse uma história "qualquer" que não vem ao caso, e por questões bastante pessoais dele, prefiro não dizer aqui. Não é nada obscuro, ilegal diga-se! A camiseta tem procedência, é isso que importa! Aí, contada a história de como ele obteve aquela camiseta, que estava impecável (e que ainda está, basta ver o retrato) na época, propostiei o Diego. Ele não quis me vender, disse que não me venderia. Gostei disso. Porque ele também sabia do valor histórico daquela camiseta. Mas que poderia caso eu aceitasse, trocar aquela camiseta do Grêmio por uma camiseta do São Paulo que eu tinha lá em casa. Do São Paulo? Que raios e de que maneira isso? Bom. Lá pelos anos 80, meu avô arrumou umas camisetas emprestadas. Quase que um fardamento inteiro, aliás, era um fardamento inteiro do São Paulo. Todas licenciadas (e acredito que eram oficiais), pois tinham a logo e a etiqueta da Penalty. Parte dessas camisetas se extraviaram e o meu avô precisou comprá-las de quem havia tomado emprestado. Até hoje, é isso que eu sei. E as que restaram, foram guardadas. Havia umas 6 delas. Então, eu não hesitei. Tratei de ir buscar imediatamente uma daquelas camisetas são-paulinas. E feito o carreto. Tricolor azul pra cá, tricolor vermelha pra lá. O Diego, mesmo sendo muito colorado, é um entusiasta também. Gosta de futebol. Talvez por isso, tenha feito este brique. E também porque não faria muito sentido ele ter com ele uma camiseta do Grêmio. Eu, por exemplo, jamais teria comigo uma camiseta do colorado. Daquelas do São Paulo, duas delas eu doei a dois amigos são-paulinos. O Manoel e o Dione. As outras duas, vendi (a um preço muito justo) para um rapaz lá de São Paulo. Léo o nome dele. Uma delas ainda está lá na casa da mãe. Guardada de recordação. 

Enfim. Faceiro era eu. Com mais uma relíquia tricolor. E o Diego sabia que eu cuidaria e muito bem dela. Talvez tenha sido este um dos motivos, vai saber... E esta foi a camiseta com que o Grêmio conquistou a terceira Copa do Brasil em 1997. Calando um Maracanã lotado de flamenguistas. Detalhe. Lembro muito pouca coisa deste dia. Lembro que João Antônio (autor de um dos gols) estava com o braço machucado. Também lembro, do gol do Carlos Miguel. O básico, né... Mas só. Se contar mais, será invenção. Por fim, foi com esta camiseta que fui pela última vez ao Velho Casarão, em 2012 no jogo contra o Coritiba. 

12.4.22

quatro de dezessete... a derrota, é o que molda o torcedor

A década de 90 foi marcante para o Grêmio. Para mim, especialmente. De todas as formas possíveis. E naquele tempo, o Grêmio incomodou e muito o eixo RJ/SP. Copas do Brasil, Campeonato Brasileiro, Libertadores... e um vice campeonato mundial perdido nos pênaltis para a metade da seleção da Holanda...

E em 1998, o Grêmio se classificou para as quartas de final do brasileirão. Não lembro e nem sei os motivos, mas a fórmula de disputa havia sido alterada naquele ano. E os mata-mata seriam jogados em forma de play-offs. Se necessário fosse, seriam jogadas três partidas. 

No primeiro jogo no Olímpico, o Grêmio foi surpreendido pelo Corinthians. Freddy Rincón (este que hoje, está lutando pela vida) meteu uma bucha, da entrada da grande área. Com isso, o time paulista levou a vantagem para São Paulo. Na volta, num grande jogo o Grêmio devolveu um senhor 2 a 0 com direito a uma outra bucha, do velho Itaqui do meio da "Avenida Paulista", lá onde a coruja dorme. Fora esse golaço, aquela tarde estava reservada para um grande triunfo gremista. Um outro golaço. Clóvis, num voleio espetacular marca o segundo gol do Grêmio. Fim de jogo. Fosse a fórmula antiga, o Grêmio teria se classificado. Mas não era. E o terceiro jogo já tinha data. Infelizmente, perdemos o terceiro jogo pelo mesmo placar do primeiro, 1 a 0. Mas veja, que mesmo assim, em três partidas, no agregado o Grêmio não perdeu aquele jogo. Ossos do ofício e aquele time de 1998 merecia sorte melhor naquele ano. A nova camiseta também.

Como eu já relatei noutra história, a minha segunda camiseta do Grêmio foi adquirida somente em 2000. Logo, em 1998 eu ainda usava aquela primeira. De camelô, mas muito copeira! E em 98, o Grêmio estreava um novo patrocinador. A Chevrolet. Eu gostei muito daquela camiseta.  A tonalidade do azul lembrava muito o azul charrua da camiseta uruguaia. Não por menos, a camiseta celeste daquele ano é uma das mais bonitas lançadas até hoje, na minha opinião. Mas a tricolor, é sempre a tricolor. É a nossa marca registrada. Bom. Daquele jogo, lembro que assisti o primeiro deles na lancheria do Robinho, que ficava ali perto da casa da mãe. Pedi um xis carne e uma coca de latinha. Foi ali que vi o gol do Rincón. Numa tv de tubo, 20". Tem muito cara alentador de hoje dia, que nem sabe o que é isso... Sim, isso é uma corneta. Bom. Derrota doída aquela. Ruim de engolir. E enquanto voltava para casa, um tanto noite já eu a remoía. Tentava digerir junto com o xis que havia comido. Mas não fraquejei. Porque eu sabia que aquele time do Corinthians era embaçado. E não vendemos barato aquele campeonato. No agregado, empatamos! Quanto à eles, foram campeões daquele ano. 

Hoje, 12.04.2022, quase duas décadas e meia depois eu recebo, a camiseta de 1998. Número 7. A encontrei num site de vendas on-line. Sim, eu a comprei somente agora. Já é sabido que naquela época eu não tinha condições. E nem todas as camisetas que possuo tem por trás delas uma história digna de um livro. Aliás, nenhuma delas é. As histórias, é claro. Sou, portanto, não um colecionador ou um tipo de adulto carregado de frustrações infantis, mas sim, um eterno torcedor gremista e saudosista. Que valorizou ao máximo cada manto sagrado daqueles anos. E este manto pode não ter ganho um título expressivo, mas honrou cada pedaço de grama que disputou. Porque eu acredito que são as derrotas que moldam o caráter de um torcedor. 

*

Um abraço em especial ao pessoal da Camisa Copera (@camisacopera, no Instagram) que me proporcionou a oportunidade de eu ter comigo mais uma relíquia do tricolor! De quebra, me mandaram um adesivo e um chaveirinho. Como se diz, um ótimo pós-venda.

E em tempo: que Deus ilumine o Rincón! Porque no futebol pode e deve existir rivalidade, mas ódio, jamais. 

9.4.22

1/38 avos do sportingbet 2022

Hoje começa o purgatório. Daqui a pouco, às 16 e 30, o Grêmio dará início na sua terceira passagem pela segunda divisão. O seu terceiro fiasco da sua história centenária. Serão trinta e oito rodadas, e isso é a única coisa que a segundona tem em comum com a primeira divisão. O resto, do pescoço pra baixo é canela, rapaz! Te liga, bico!

Até hoje, alguns procuram saber os motivos da queda. Do desastre. Dias atrás o Romildo deu uma entrevista no You Tube. Vi a primeira hora. Depois larguei de mão. Eu sinceramente, desisti. Pouco me importa. E mesmo que eu venha a descobrir um dia, isso não mudará o fato. Agora o que resta é encarar o que vem pela frente. A Série B (que nome tosco), a segundona (nome raiz), iniciou ontem. Passei a vista pelo jogo do Vasco. Jogo ruim. Passei então a ver o jogo do Brusque contra o Guaraní, o velho bugre do interior paulista. Não sei o motivo, mas sempre tive um carisma por este clube. Mas o bugre perdeu. Numa jogada horrorosa de um defensor que armou o ataque do adversário. Estava desligado, o rapaz. Ou vai ver andou apostando uns "bets" por aí que faria aquela besteira para arrumar uns trocos para o fim de semana. Quem é que duvida? O nome da Série B é SportingBet. Você já fez a sua aposta?

Depois, o jogo que passou foi o do Bahia. Aquele que rolou ribanceira abaixo junto com a gente ano passado. Aquele mesmo time que perdemos de forma lamentável, tocou um 2 a 0 no time empresa do Ronaldo com uma facilidade sem tamanho. Poderia ter sido mais. Não é por menos que aquele time azul está no segundo ano consecutivo na segundona. Mas eles poderiam ter tido sorte melhor também, caso os caras não errassem tantos gols. Por fim, o ditado aquele do quem não faz leva, apareceu.

Uma coisa é fato: se o Grêmio deseja mesmo recuperar sua autoestima, deverá entrar no 220 todos os jogos. Fazer e matar quando tiver a chance. Do contrário será morto. 

Para terminar, me sinto ansioso. Não pelo jogo. Mas pela suposta nova camiseta que irão lançar. Se for aquela que vi ontem, podem mandar a Umbro tomar no olho do cu. Bem que podiam "trazer" de volta, no meio de tanto vai e vem, a Penalty. 

FORÇA GRÊMIO HEY! 

NESTA CAMPANHA EU VOU ESTAR CONTIGO!

8.4.22

três de dezessete - o Grêmio e a Puma

2005, foi um ano diferente. Eu iniciava na faculdade e, pela primeira vez, eu assistiria o Grêmio jogar uma segundona. Já nos primeiros dias como calouro pude sentir na pele a corneta dos novos amigos colorados: "bi rebaixado"!, diziam, cada vez que eu aparecia com a camiseta do tricolor. A minha defesa: o Grêmio é também Bi da Libertadores e Campeão Mundial. 

E para pagar o curso (a metade da mensalidade), eu havia conseguido um serviço como entregador de jornal. Entregava de bicicleta diariamente a ZH, numa jornada que durava a madrugada inteira. Da 1 às 5. Credo. O bom era que eu podia ler as notícias do tricolor. Ainda mais num tempo que não haviam smartphones. O lado ruim, fora o horário, era o jornal do domingo. Aquela bosta não entrava por baixo das portas, não cabia nas caixinhas do correio... era preciso desencartar... às vezes, na raiva, azar. Fincava de qualquer jeito, à força e que se exploda! Eu já tinha lido. Mas o mais engraçado, era atirar nas janelas e gritar, bem alto só pra debochar de quem naquela hora estava dormindo: olha a Zero!!! PAAAF!  Não durei muito, é claro. Principalmente quando me botaram para entregar o jornal nas vilas. Minha sorte foi que arrumei um estágio pelo CIEE pouco tempo depois disso, como cobrador numa rede varejista. O "soldo" era de 300,00 pilas mensais. Detalhe que a mensalidade, os 50%, me custavam 238 pilas desses 300 aí. O restante deveria cobrir gastos com transporte, apostilas... evidente que não chegava. 

Neste 2005, o marketing do Grêmio deu uma acertada. Talvez, como forma de se desculpar pelo rebaixamento (coisa que não existe), o clube fechou uma parceria com a Puma. E as camisetas eram magníficas. Não à toa, a tricolor foi eleita a mais bonita do mundo. Mas uma outra, jamais vista, foi criada. Uma toda preta. Foi chamada de "shadow". Poucas unidades, ao menos foi esse o papo. Só que ela deu tão certo que venderam muito. Tanto que a refizeram em anos seguintes. E em maio de 2005 eu completaria 20 anos. E de presente de aniversário ganhei, mais uma vez da mãe, essa camiseta. Ela sabia que, mesmo com meu "soldo", eu não tinha condições de pagar isso por uma camiseta do Grêmio. Não à vista. Esta camiseta custou na época 150 pilas; foi paga em suaves 3 prestações. No cheque! Ali na Perusso, leia-se, seu Roque. Nunca vi outro comerciante feito este homem. Ele queria vender. Não importava como. Atirava o primeiro cheque para 90 dias; e os demais sucessivamente. 

E essa é a história de como adquiri mais uma camiseta do Grêmio. A terceira delas. Esta camiseta tem muita história para contar. Com ela, muitas vezes fui ao Velho Casarão. Devido à isso, é muito especial para mim. E um amuleto da sorte! Com ela assisti todos os jogos da Libertadores 2007. Contra o Santos e contra o Boca, ela se fez presente no Monumental. Uma pena que a virada naquela ocasião era algo muito difícil, até mesmo para ela. 

Hoje, 2022, mais uma vez o Grêmio jogará uma segundona. Espero que o marketing do clube acerte novamente e nos traga um manto tão bonito quanto o de 2005. Certamente, se acertarem, vão vender aos montes! Pois é assim o gremismo: contigo na boa, na ruim, muito mais!

5.4.22

por um lugar ao sol

E o rural, é nosso. Pela quinta vez consecutiva. E eu, homem de trinta e tantos anos pela primeira vez acompanhei este feito. Nos anos 80 eu era muito pequeno para entender tudo isso. E hoje, neste século, o Grêmio segue a sua saga atrás de uma hegemonia maior dentro do pago. 

Feita a festa, hora de pensar no futuro. Deixar a porvoadeira do ruralito sumir, baixar a pressão da bola e, cravar novamente os pés no chão para o maior feito desta temporada. A conquista da segundona. O desejo é esse. Mas se não der, pelo menos, que o mínimo seja alcançado. O retorno para a primeira divisão. Assim sendo, poderemos em 2023 brigar novamente por um lugar ao sol, ou seja, pela Libertadores. 

Roger pela primeira vez sagrou-se campeão como treinador. Que ironia. Rodou e rodou por aí, sem ter sido campeão. O Grêmio definitivamente está no seu destino. Que este destino o leve para conquistas maiores. O primeiro passo, passinho diga-se, foi dado. Que ele não perca a mão, que continue tomando decisões acertadas e que não insista em erros tolos. Porque o rural, a gente sabe, não é parâmetro para nada. Tiago Nunes é a maior e mais recente prova disso e já sabemos onde paramos. 

Enfim. Todo mundo tenta, mas é o Grêmio o novo penta! Trocadilho infame, eu sei. Mas não resisti! 

PARABÉNS GRÊMIO!

FORÇA GRÊMIO HEY!

31.3.22

o festival de barrigadas da ica

Tiro curto. Mais curto que passo de anão. A notícia foi de que Tetê, aquele um que saiu daqui fazendo beiço, jogaria por amor ao Grêmio durante 3 meses na segundona. O jogador que veio corrido da guerra na Ucrânia não receberia salários, mas em contra partida o Grêmio daria a certas instituições de caridade 50 mil camisetas oficiais.

Bah!

Como é que tem gente que acredita neste tipo de coisa? Quem é que dá ouvido pra essa gente?

Eles tentam. Nunca desistem. Querem sempre estar na frente. Mas se esquecem que estão lá pra trás. Bem lá pra trás. 

Enquanto isso, é o Grêmio, pela quinta vez seguida na disputa pelo ruralito.


24.3.22

a patetice da nova década

Está cada vez mais claro. O clássico Grenal, que para muitos é um dos maiores do mundo, se torna a cada nova temporada um jogo patético. Sofrível.

Uma disputa ferrenha para saber qual dos dois é o pior.

Dá pra contar na mão do Lula, (naquela que não tem um dedo) o número de clássicos bem jogados e que não terminaram com cenas ridículas de "pancadaria" entre os jogadores. Aí o reflexo disso se vê fora das quatro linhas. 

A classificação para a final ficou manchada após a derrota de ontem. Justamente para o maior rival, coisa que não acontecia desde 2014. Havia 17 clássicos de invencibilidade dentro da Arena. Era a maior hegemonia já vista em toda a história do clássico. Um tabu que foi quebrado graças a forma pífia que o Grêmio entrou em campo. Não bastasse isso, Ferreira que ingressou no jogo no segundo tempo foi expulso. Após a tentativa tosca de pedir apoio à torcida, na frente do banco de reservas do colorado. Deu no que deu... Quem mais perdeu foi ele próprio e o Grêmio.

Roger disse outro dia que o Grenal mais fiasquento da sua vida foi um que acabou empatado. Na manchete dizia: inter 0 x 0 Danrley... Mas né. Sempre tem tempo para mais um. Para um pior. A matéria de hoje bem que poderia ser inter 1 x 0 Brenno (fora os ameaço que tomou). Uns viram falha no gol que ele tomou. Pode até ser. Mas eu o isento. Ele salvou o Grêmio do pior. Garantiu o time na quinta final seguida do ruralito. Que será jogada contra o Ypiranga. Time que fez a melhor campanha na fase classificatória. Não será fácil. Não mesmo.

Enquanto isso, vamos seguir em frente. Dando sequência para mais e maiores patetices. Não adianta.

19.3.22

sigo de pé no chão!

Baita vitória. Baita. Baita mesmo!

Mas vou manter meus pés no chão. Sabemos que o time do lado de lá não é parâmetro de nada. E não quero atirar um balde de água fria nesta grande vitória de 3 a 0, dentro da casa deles. Coisa que eu nunca tinha visto na vida.

Por que mantenho os pés no chão?

Ambos os gols, com a bola rolando, se originaram de erros. O primeiro, um erro de ataque deles que proporcionou o contra ataque mortal no gol que (me desculpem) o Elias chuta no goleiro, que por ser ruim não teve firmeza no braço para evitar o gol. Mas o Elias teve sorte. Isso vale. Porém, em nova chance idêntica à primeira falhou bisonhamente porque ele ainda não sabe chutar na bola.

O segundo gol que foi um golaço, também saiu de uma cagada monstruosa da zaga deles. E o bonito chute do Bitello contou com a fraqueza daquele goleiro deles que a mídia vermelha na tarde de hoje disse ser melhor que o Brenno. Digo mais: tivesse o nosso arqueiro tomado aqueles gols estaria agora dentro de uma caldeira de banha quente.

O jogo que era pra ter sido uns 6, não fosse a imperícia dos nossos avantes terminou em 3, numa excelente cobrança de pênalti de Dom Diego Showza.

Roger parece ter arrumado o time. Quando fez o óbvio, venceu. E a dúvida minha e de outros gremistas é a mesma: por que é que não fez isso no clássico passado?

Pra mim essa vitória lava a alma. Com certeza. Me sinto vingado por 1997. Aquele 2 x 5, no Olímpico foi duro de engolir. Em tempo: não quero com o meu comentário desfazê-la. Jamais. Porque ela mostrou que Roger também tem uma estrela quando o assunto é Grenal. Mas pra mim que ainda precisa ser polida para que venha a brilhar eternamente no Grêmio.

 

*

Extra tópico: mais uma vez atos de violência foram cometidos pela torcida do Internacional. Hoje a agressão foi dentro do Beira-Rio. Lucas Silva levou uma "celularzada" no meio da cara, no momento da comemoração do terceiro gol do Grêmio. A falta de punição exemplar ao Sport Club Internacional no Grenal da pedrada resultou nisso. É o passa pano dos órgãos públicos que fomentam atos como este. O jogo da volta, devido o horário, pode (e Deus queria que não) terminar mal. Muito mal eu diria. 

 

9.3.22

gorro do blog

Pessoal. Inicialmente, o boné foi confeccionado para os amigos mais próximos. Porém, devido a um pedido de outros torcedores, farei um segundo lote que será feito conforme o layout da imagem ao lado. 


Para maiores informações os interessados podem deixar o nome e telefone nos comentários para que eu possa contatá-los a respeito do valor e da forma de entrega. 

(*) os comentários são moderados. Logo, não aparecerão para vocês. Para comentar é necessário ter uma conta no Google. 

FORÇA GRÊMIO HEY!
DIA DE ALENTO! DIA DE GRÊMIO!



25.2.22

dois de dezessete - Anos 2000

Um novo milênio e sem o bug! Era o que mais se falava naquele tempo. E por aqui, um novo patrocinador de material esportivo "desembarcava" em Porto Alegre. A Penalty se despedia do Grêmio depois de muitos anos. No seu lugar uma marca famosíssima e mundialmente conhecida; a Kappa. Por parte da torcida, foi uma alegria só. Aqui no Brasil a marca já patrocinava o Vasco da Gama há alguns anos, e fora daqui o Barcelona. Antes do patrocinador esportivo, o principal já havia mudado. A Renner (empresa de tintas) havia sido substituída pela Chevrolet; que passou a patrocinar a dupla no final da década de 90. O novo século também marcou a entrada da I.S.L. dentro do Grêmio. Um capítulo que até hoje rende assunto. Essa parceira terminaria com o Grêmio na segunda divisão, anos mais tarde...

De volta ao assunto. Acertadamente, a Kappa manteve praticamente o mesmo layout das camisetas anteriores. O azul que ficou um pouco mais "vivo", talvez. E nas costas, a numeração que antes ficava dentro de um quadrado, ganhou formas arredondadas. 

Com 15 anos de idade e um pouco mais crescido, eu ainda usava a "primeira" camiseta de 5 anos atrás. E o que também mudou em cinco anos foi o seguinte: novas redes varejistas começaram a aparecer por aqui. Que ofereciam condições de compra, parcelamentos... E numa dessas lojas, na vitrine e do nada, apareceram as camisetas do Grêmio. Meus olhos brilharam. E um sonho estava perto de ser realizado. Imediatamente, ao chegar em casa depois do colégio, contei a novidade. Custavam R$ 39,90. Eu quase não acreditei, por sinal. 

Alguns dias depois, a mãe (que já tinha crediário nesta loja) foi comigo até lá. E lá estavam elas. A tricolor e uma outra quase toda celeste... Mas eu poderia escolher apenas uma. E como foi difícil fazer essa escolha. De diferente uma da outra, além do layout, a numeração e a propaganda do patrocinador que mudavam. Na tricolor, o número era o 10 e a propaganda "Astra". Na azul, o número 5 e "Vectra" na propaganda. Escolhi a tricolor. A nº 10. A mãe fez a compra em 5 parcelas. Ainda era um tempo difícil, e por mais que as camisetas estivessem um "pouco" mais em conta, ainda eram caras.

E a escolha pela tricolor se deu por dois motivos. O primeiro porque é a camiseta titular. Em segundo lugar o nº 10, de Ronaldinho Gaúcho que na época... Mas lembro-me que eu tinha muita afeição pelo nº 5, que foi defendido por Dinho nos anos 90, e eu estava quase decidindo por ela, mas aquela nº 5 não era a do Dinho... e foi isso que mais pesou para que eu tivesse escolhido a tricolor.  Em tempo: anos mais tarde eu me "arrependeria" da escolha que fiz e todos já devem imaginar os motivos. Mas faz parte. 

E assim como a primeira eu a usei muitos anos. Foi a primeira camiseta oficial que eu tive. Hoje, ainda serve. Mas uso bem pouco. Tem um visível desgaste porque eu realmente a "gastei". E uma pena que as camisetas da Kappa, do mesmo modo que as da Penalty, desbotavam. O preto com o passar do tempo se tornou quase marrom. 


15.2.22

tesouros: o início! parte 1 de 17

Eu tinha uns 7 ou 8 anos de idade e lembro do pessoal lá de casa ouvindo os jogos do Grêmio pelo rádio, isso em 92/93, portanto há pois não tínhamos TV U.H.F. e nem à cores, vagamente eu lembro de alguns nomes ditos pelos narradores. Ayupe, Pingo... esses nomes eu me lembro porque faziam parte do no meu time de futebol de botão. 

E foi em 94 que o Grêmio jogou a quarta final da Copa e para a minha alegria, um dos meus tios/irmãos, havia presenteado uns meses antes o pai e a mãe com uma TV 20" à cores. U.H.F., com controle remoto! Ual!! Essa gente de hoje em dia nem faz ideia do que é sentir uma coisa do tipo. Eu veria pela primeira vez o Grêmio campeão de uma Copa. Na extinta Rede Manchete. E ali o negócio começou e nunca mais fui o mesmo. E a camiseta que eu tinha do Grêmio já não me servia mais, tinha uns dois anos mais ou menos e não tinha símbolo e lembro que foi comprado um símbolo, numa loja de esportes, na antiga Pontaria da 25 de Julho, por R$ 1,50 e mãe costurou à mão o escudo sobre a camiseta que, infelizmente, eu não tenho mais. Perdeu-se na existência. 

No ano seguinte, em 1995, com um pouquinho mais de noção da coisa, eu acompanhei mais de "perto" o Grêmio. Que jogava a Libertadores da América. Pela TV, eu  via como eram maravilhosas aquelas camisetas oficiais. Mangas longas, curtas... A tricolor, a celeste e as brancas. A celeste e a branca em especial, pois eram "diferentes". Era um sonho para mim, ter uma delas. Mas nem o pai e nem a mãe tinham condições de me presentearem com uma camiseta daquelas. Eram caríssimas. Para se ter uma ideia, o salário mínimo da época era R$ 100,00. Na ocasião, uma camiseta oficial não custava menos que R$ 50,00. Só que o "erro" já havia sido cometido. Fui "fanatizado". Muito mais pela mãe do que pelo pai, diga-se. E naquela explosão tricolor apareceram vários camelôs nas ruas, que ofereciam camisetas de origem duvidosa por preços razoavelmente aceitáveis. Mesmo assim, não era barato. Algumas não eram tão bem feitas, possuíam 4 estrelas em vez das 3, e eu sabia disso. São somente 3! Aí um dia, não lembro precisamente quando foi, mas o Grêmio já havia conquistado a América pela segunda vez a mãe me levou ao centro. Ali na Avenida Brasil tinha um desses camelôs. 

E lá estavam elas, todas penduradas num varal, diversas camisetas do Grêmio. Mas nenhuma era branca ou celeste. Já haviam sido vendidas... Restavam eram as tricolores, mas diferentes umas das outras. Um detalhezinho aqui, outro ali... Mas o preço? O mesmo! R$ 25,00 cada uma! Mesmo assim, era caríssima. A mãe conta que na época recebia R$ 60,00 mensais... vejam só o tamanho do esforço que ela fez. Mal sabia ela o "monstrinho" que estava criando ali... No meio de tantas, e mesmo sabendo que nenhuma delas era oficial, porque eu não liguei pra isso, eu procurei a mais parecida possível, a cópia mais bem feita e a encontrei. Foi uma felicidade! A mãe pagou o cara com duas notas de dez e outra de cinco, e eu a vesti na mesma hora, faceiro tipo um pinto em meio a quirera. Se pudesse rolaria ali mesmo de alegria. Ainda bem que como eu sempre fui nanico, pude usar aquela camiseta até os 14 anos de idade e, eu ainda a tenho muito bem guardada, com muito carinho porque sei o quanto foi custoso para eu ter essa camiseta.  Por isso que eu não guardo preconceitos em relação a camisetas de "procedência duvidosa", considero e muito um gremista quando o vejo com uma camiseta de camelô, porque eu sempre soube o quanto é difícil (para quem é mais humilde) ter uma camiseta oficial. Muito embora hoje, considerando o salário mínimo vigente e o da época está um "pouco mais fácil" ter uma.