A década de 90 foi marcante para o Grêmio. Para mim, especialmente. De todas as formas possíveis. E naquele tempo, o Grêmio incomodou e muito o eixo RJ/SP. Copas do Brasil, Campeonato Brasileiro, Libertadores... e um vice campeonato mundial perdido nos pênaltis para a metade da seleção da Holanda...
E em 1998, o Grêmio se classificou para as quartas de final do brasileirão. Não lembro e nem sei os motivos, mas a fórmula de disputa havia sido alterada naquele ano. E os mata-mata seriam jogados em forma de play-offs. Se necessário fosse, seriam jogadas três partidas.
No primeiro jogo no Olímpico, o Grêmio foi surpreendido pelo Corinthians. Freddy Rincón (este que hoje, está lutando pela vida) meteu uma bucha, da entrada da grande área. Com isso, o time paulista levou a vantagem para São Paulo. Na volta, num grande jogo o Grêmio devolveu um senhor 2 a 0 com direito a uma outra bucha, do velho Itaqui do meio da "Avenida Paulista", lá onde a coruja dorme. Fora esse golaço, aquela tarde estava reservada para um grande triunfo gremista. Um outro golaço. Clóvis, num voleio espetacular marca o segundo gol do Grêmio. Fim de jogo. Fosse a fórmula antiga, o Grêmio teria se classificado. Mas não era. E o terceiro jogo já tinha data. Infelizmente, perdemos o terceiro jogo pelo mesmo placar do primeiro, 1 a 0. Mas veja, que mesmo assim, em três partidas, no agregado o Grêmio não perdeu aquele jogo. Ossos do ofício e aquele time de 1998 merecia sorte melhor naquele ano. A nova camiseta também.
Como eu já relatei noutra história, a minha segunda camiseta do Grêmio foi adquirida somente em 2000. Logo, em 1998 eu ainda usava aquela primeira. De camelô, mas muito copeira! E em 98, o Grêmio estreava um novo patrocinador. A Chevrolet. Eu gostei muito daquela camiseta. A tonalidade do azul lembrava muito o azul charrua da camiseta uruguaia. Não por menos, a camiseta celeste daquele ano é uma das mais bonitas lançadas até hoje, na minha opinião. Mas a tricolor, é sempre a tricolor. É a nossa marca registrada. Bom. Daquele jogo, lembro que assisti o primeiro deles na lancheria do Robinho, que ficava ali perto da casa da mãe. Pedi um xis carne e uma coca de latinha. Foi ali que vi o gol do Rincón. Numa tv de tubo, 20". Tem muito cara alentador de hoje dia, que nem sabe o que é isso... Sim, isso é uma corneta. Bom. Derrota doída aquela. Ruim de engolir. E enquanto voltava para casa, um tanto noite já eu a remoía. Tentava digerir junto com o xis que havia comido. Mas não fraquejei. Porque eu sabia que aquele time do Corinthians era embaçado. E não vendemos barato aquele campeonato. No agregado, empatamos! Quanto à eles, foram campeões daquele ano.
Hoje, 12.04.2022, quase duas décadas e meia depois eu recebo, a camiseta de 1998. Número 7. A encontrei num site de vendas on-line. Sim, eu a comprei somente agora. Já é sabido que naquela época eu não tinha condições. E nem todas as camisetas que possuo tem por trás delas uma história digna de um livro. Aliás, nenhuma delas é. As histórias, é claro. Sou, portanto, não um colecionador ou um tipo de adulto carregado de frustrações infantis, mas sim, um eterno torcedor gremista e saudosista. Que valorizou ao máximo cada manto sagrado daqueles anos. E este manto pode não ter ganho um título expressivo, mas honrou cada pedaço de grama que disputou. Porque eu acredito que são as derrotas que moldam o caráter de um torcedor.
*
Um abraço em especial ao pessoal da Camisa Copera (@camisacopera, no Instagram) que me proporcionou a oportunidade de eu ter comigo mais uma relíquia do tricolor! De quebra, me mandaram um adesivo e um chaveirinho. Como se diz, um ótimo pós-venda.
E em tempo: que Deus ilumine o Rincón! Porque no futebol pode e deve existir rivalidade, mas ódio, jamais.