No ano seguinte, em 1995, com um pouquinho mais de noção da coisa, eu acompanhei mais de "perto" o Grêmio. Que jogava a Libertadores da América. Pela TV, eu via como eram maravilhosas aquelas camisetas oficiais. Mangas longas, curtas... A tricolor, a celeste e as brancas. A celeste e a branca em especial, pois eram "diferentes". Era um sonho para mim, ter uma delas. Mas nem o pai e nem a mãe tinham condições de me presentearem com uma camiseta daquelas. Eram caríssimas. Para se ter uma ideia, o salário mínimo da época era R$ 100,00. Na ocasião, uma camiseta oficial não custava menos que R$ 50,00. Só que o "erro" já havia sido cometido. Fui "fanatizado". Muito mais pela mãe do que pelo pai, diga-se. E naquela explosão tricolor apareceram vários camelôs nas ruas, que ofereciam camisetas de origem duvidosa por preços razoavelmente aceitáveis. Mesmo assim, não era barato. Algumas não eram tão bem feitas, possuíam 4 estrelas em vez das 3, e eu sabia disso. São somente 3! Aí um dia, não lembro precisamente quando foi, mas o Grêmio já havia conquistado a América pela segunda vez a mãe me levou ao centro. Ali na Avenida Brasil tinha um desses camelôs.
E lá estavam elas, todas penduradas num varal, diversas camisetas do Grêmio. Mas nenhuma era branca ou celeste. Já haviam sido vendidas... Restavam eram as tricolores, mas diferentes umas das outras. Um detalhezinho aqui, outro ali... Mas o preço? O mesmo! R$ 25,00 cada uma! Mesmo assim, era caríssima. A mãe conta que na época recebia R$ 60,00 mensais... vejam só o tamanho do esforço que ela fez. Mal sabia ela o "monstrinho" que estava criando ali... No meio de tantas, e mesmo sabendo que nenhuma delas era oficial, porque eu não liguei pra isso, eu procurei a mais parecida possível, a cópia mais bem feita e a encontrei. Foi uma felicidade! A mãe pagou o cara com duas notas de dez e outra de cinco, e eu a vesti na mesma hora, faceiro tipo um pinto em meio a quirera. Se pudesse rolaria ali mesmo de alegria. Ainda bem que como eu sempre fui nanico, pude usar aquela camiseta até os 14 anos de idade e, eu ainda a tenho muito bem guardada, com muito carinho porque sei o quanto foi custoso para eu ter essa camiseta. Por isso que eu não guardo preconceitos em relação a camisetas de "procedência duvidosa", considero e muito um gremista quando o vejo com uma camiseta de camelô, porque eu sempre soube o quanto é difícil (para quem é mais humilde) ter uma camiseta oficial. Muito embora hoje, considerando o salário mínimo vigente e o da época está um "pouco mais fácil" ter uma.