13.5.22

nove de dezessete - e eu tenho a minha alma azul celeste

Dentro do Quadro Social, do Velho Casarão, fiz um dos maiores e melhores briques da vida. Ironia ou não, a última história contada por aqui também envolveu o Monumental. A ocasião, era a mesma. O Grêmio disputava a Libertadores em 2011, porém, o primeiro jogo foi um mata-mata. Contra o Liverpool do Uruguai. 

A ida para Porto Alegre, como de costume, ocorreu de van. Era verão, um calorão, mas o jogo seria à noite. Na época, eu trabalha na antiga Tubosul (loja de materiais de construção). A partida, que marcaria o retorno do Grêmio à Copa depois de ter ficado fora em 2010, era numa quinta-feira. Dia de semana. Tempo bom, aquele. Meu chefe, o Jarba, apesar de muito colorado, me deixava faltar o serviço para esse tipo de finalidade. Entendia, a loucura. Que barbaridade... hoje, isso não é mais possível.

E como é de praxe, eu me preparo sempre um dia antes quando viajo. Na época, não era diferente. Escolhi rigorosamente a camiseta do jogo. Faço meus rituais. Na véspera, eu havia escolhido a camiseta retrô de 1977. Camiseta que havia sido lançada em 2007, em comemoração ao título do rural de 77. A número 9, de André Catimba. Eu gostava muito daquela camiseta, diga-se. 
 
Já em Porto Alegre, com a mente um tanto alcoolizada, me dirigi ao Quadro Social pegar a carterinha. Lá dentro na fila, no meio de muitos outros gremistas, havia um que vestia a camiseta celeste de 1994. Que para mim é, de todas as celestes, a mais bonita já feita. Bom. Não por menos, é a camiseta que mais desejei ter em todos esses anos de gremismo. Sou suspeito ao falar dela. Imediatamente, fui conversar com o cara. Conversa vai, conversa vem e enquanto a fila caminhava rumo aos guichês de atendimento, fiz a proposta de trocar a minha camiseta retrô de 1977, por aquela celeste de 1994. No momento, o jovem aquele pestanejou, pareceu duvidar da minha proposta... não sei dizer, mas quando eu disse: dou a minha camiseta, mais cinquenta pila! - na hora, o cara tirou a camiseta. Sem hesitar, fiz o mesmo. Tricolor retrô de 77 pra lá, celeste de 94 pra cá. 

Vale dizer que: houve testemunhas. Tinha gente comigo, que vieram na excursão e que presenciaram o escambo. Digo também que fiz questão de dizer ao rapaz que a camiseta que eu tinha era uma retrô. Uma réplica. Lembro-me que por um momento, o Grêmio andou deixando de produzir essa retrô de 77, talvez por isso, o cara quis fazer o brique. E talvez, o cinquenta pila deu um plus no negócio. Hoje, aqueles 50 valeriam 130, mais a camiseta... Enfim. 

Eu saí dali, o mais rápido que pude. Vai que o cara se arrependesse do negócio... Nunca se sabe. Peguei a carteira de sócio e vazei. Após, recordo-me que fomos para a Azenha. Num daqueles botecos que tinham por ali. Eu mais faceiro que sapo em banhado, até que alguém me perguntou: é original? Na hora, foi como que se o trago absorvido durante todo o dia tivesse passado. Tirei a camiseta, procurei pela etiqueta e não a vi... Deus do céu, o que eu fiz, eu pensei. Alguns riram, porque eu fiquei com muita raiva na hora, porém, para o meu alívio e certeza, havia na lateral da camiseta outra etiqueta... sem falar, das marcas d'água na própria camiseta. Acho que fizeram de propósito, a pergunta. Porque eu já havia tomado um tufo na própria excursão, pois não consegui lotar a van. De 14 possíveis, apenas 10 foram comigo.

Causo contado. Desde então, tenho essa preciosidade comigo. E ela deu sorte, já no seu primeiro dia comigo. Naquela noite o Grêmio venceu os uruguaios. Voltei para Santo Ângelo nas nuvens com mais um sonho realizado.

Ano passado, quando retornei aos jogos depois de muitos anos fora, fui com ela na Arena. E sem dúvida até hoje é uma das que mais uso.