Dentro do Quadro Social, do Velho Casarão, fiz um dos maiores e melhores briques da vida. Ironia ou não, a última história contada por aqui também envolveu o Monumental. A ocasião, era a mesma. O Grêmio disputava a Libertadores em 2011, porém, o primeiro jogo foi um mata-mata. Contra o Liverpool do Uruguai.
A ida para Porto Alegre, como de costume, ocorreu de van. Era verão, um calorão, mas o jogo seria à noite. Na época, eu trabalha na antiga Tubosul (loja de materiais de construção). A partida, que marcaria o retorno do Grêmio à Copa depois de ter ficado fora em 2010, era numa quinta-feira. Dia de semana. Tempo bom, aquele. Meu chefe, o Jarba, apesar de muito colorado, me deixava faltar o serviço para esse tipo de finalidade. Entendia, a loucura. Que barbaridade... hoje, isso não é mais possível.
E como é de praxe, eu me preparo sempre um dia antes quando viajo. Na época, não era diferente. Escolhi rigorosamente a camiseta do jogo. Faço meus rituais. Na véspera, eu havia escolhido a camiseta retrô de 1977. Camiseta que havia sido lançada em 2007, em comemoração ao título do rural de 77. A número 9, de André Catimba. Eu gostava muito daquela camiseta, diga-se.
Já em Porto Alegre, com a mente um tanto alcoolizada, me dirigi ao Quadro Social pegar a carterinha. Lá dentro na fila, no meio de muitos outros gremistas, havia um que vestia a camiseta celeste de 1994. Que para mim é, de todas as celestes, a mais bonita já feita. Bom. Não por menos, é a camiseta que mais desejei ter em todos esses anos de gremismo. Sou suspeito ao falar dela. Imediatamente, fui conversar com o cara. Conversa vai, conversa vem e enquanto a fila caminhava rumo aos guichês de atendimento, fiz a proposta de trocar a minha camiseta retrô de 1977, por aquela celeste de 1994. No momento, o jovem aquele pestanejou, pareceu duvidar da minha proposta... não sei dizer, mas quando eu disse: dou a minha camiseta, mais cinquenta pila! - na hora, o cara tirou a camiseta. Sem hesitar, fiz o mesmo. Tricolor retrô de 77 pra lá, celeste de 94 pra cá.
Vale dizer que: houve testemunhas. Tinha gente comigo, que vieram na excursão e que presenciaram o escambo. Digo também que fiz questão de dizer ao rapaz que a camiseta que eu tinha era uma retrô. Uma réplica. Lembro-me que por um momento, o Grêmio andou deixando de produzir essa retrô de 77, talvez por isso, o cara quis fazer o brique. E talvez, o cinquenta pila deu um plus no negócio. Hoje, aqueles 50 valeriam 130, mais a camiseta... Enfim.
Causo contado. Desde então, tenho essa preciosidade comigo. E ela deu sorte, já no seu primeiro dia comigo. Naquela noite o Grêmio venceu os uruguaios. Voltei para Santo Ângelo nas nuvens com mais um sonho realizado.