21.7.22

parte dez - eu sou o Tricolor de Porto Alegre

Agosto de 94. Naquela altura do ano o tetra era uma realidade, e o Grêmio disputaria mais uma final de Copa do Brasil. Tentarei, desta vez, ser o mais sucinto possível. Parte dez, já que a onze saiu primeiro...

Rede Machete. Que canal! Já não bastasse os seriados japoneses que a emissora transmitia, transmitiu também a finalíssima. Era a primeira final da minha vida de torcedor. E dizer que poucos meses antes, nem TV à cores tínhamos. 

Lembro de poucos flashes daquela partida. Mas o que não descola da minha retina é a visão que eu tinha do pai. Ao meu lado, ele assistia a partida. Meu pai, neste caso, trata-se na verdade do meu avô Nestor. Do meu lado direito, ele olhava ansioso para a televisão. 

Quando de repente, num lance de escanteio, Nildo Bigode subiu mais alto e mandou a bola para o fundo das redes. Era o gol do campeonato. O primeiro título que eu vi o Grêmio ganhar. Uma alegria sem igual. Porém, eu não tinha uma camiseta sequer para vestir em 1994. Que lástima. A primeiríssima, aquela que o símbolo havia sido costurado já não existia mais. E aquela camiseta tricolor de 94 se tornava ali, um sonho de consumo infantil. 

Sonho esse, só realizado muitos anos depois. Março de 2020. Quem diria. Direto do estado de Minas Gerais. Um anúncio muito oportuno e bastante em conta. Um fato raro de se ver. Não hesitei. Curiosamente, naquele dia o Grêmio jogaria contra o América de Cali pela Libertadores. Que sina.

Alguns dias de espera, de conversas pelo whats app com o vendedor e pronto. Pelo correio recebi numa caixinha uma das minhas maiores relíquias: a tricolor de 1994, com patrocínio da Coca-Cola. Feito aquela que Nildo vestia na tarde de 10 de agosto. Uma tarde que marcou para sempre a minha infância, não só pelo título, pelo gol... mas pela companhia que eu tinha ao meu lado. Esta história eu dedico ao homem que moldou o meu caráter. Obrigado, Seu Nestor!