Dia desses, fui indagado por um velho amigo meu (que é colorado, inclusive) sobre essas histórias que tenho relatado por aqui. Se eu realmente lembrava dos detalhes das partidas, nomes dos jogadores ou se eu estava dando aquela velha e boa copiada no Google. Em tempo: não me recordo de tudo. Alguns gols, nomes eu lembro bem. Diga-se que na última história que contei eu não me lembrava, por exemplo, do gol do Clóvis. Sequer me lembrava do nome deste jogador. Mas do primeiro gol do Itaqui, este eu lembro de forma clara e muito lúcida. Mas é só. De resto, o que eu lembrava do primeiro jogo contra o Corinthians eu relatei, também foi uma forma de relembrar a história da camiseta de jogo de 1998. E infelizmente, o autor do primeiro gol daqueles playoffs veio à óbito no dia de hoje. Freddy Rincón. Não resistiu aos ferimentos do grave acidente que se envolveu. Coisas da vida.
Como visto, eu quebrei a ordem dos fatores. Contei a história da última camiseta que adquiri. Logo, já são 18, e não 17. Porém, manterei o mesmo título. E a ordem deles, desses fatores, não altera o resultado pelo que diz a matemática.
E aqui do lado como já percebido pelos amigos, está a camiseta de 1997. Diferente da de 1998 eu não paguei um centavo por ela. Foi um escambo que fiz com um grande amigo, que hoje infelizmente, devido corre-corre da vida, tenho pouco contato. Um amigo que por sinal é demasiadamente, colorado. O Diego. Nos conhecemos quando virei frequentador nato do boteco que ele abriu em 2010, em sociedade com outro amigo, o Falk: o extinto, mas, incomparável Canecão. Ah, o Velho Canecão. Balaços memoráveis naquele lugar.
E tão assídua era a minha presença no Canecão que comecei a trabalhar lá com o Diego. Isso, já em 2011 se não me falha a memória. Que tempo divertido aquele. Porém, engana-se quem pensa que trabalhar num bar é coisa fácil. Lidar com gente do tipo da gente, quando mergulhada na cerveja, é brete. Mas que nada. E foi neste tempo que a amizade com o Diego se estreitou um pouco mais. Ele como colorado que é, muito fanático, sempre soube também do meu fanatismo pelo Grêmio. E jamais, nos desrespeitamos. Logo, histórias como essas que conto aqui, sobre camisetas no caso, eu já tinha conversado com ele.
Um dia, do nada, em 2011 ele se "apresentou" com uma camiseta do Grêmio. Imediatamente, eu o indaguei: - de onde raios é essa camiseta? - me disse uma história "qualquer" que não vem ao caso, e por questões bastante pessoais dele, prefiro não dizer aqui. Não é nada obscuro, ilegal diga-se! A camiseta tem procedência, é isso que importa! Aí, contada a história de como ele obteve aquela camiseta, que estava impecável (e que ainda está, basta ver o retrato) na época, propostiei o Diego. Ele não quis me vender, disse que não me venderia. Gostei disso. Porque ele também sabia do valor histórico daquela camiseta. Mas que poderia caso eu aceitasse, trocar aquela camiseta do Grêmio por uma camiseta do São Paulo que eu tinha lá em casa. Do São Paulo? Que raios e de que maneira isso? Bom. Lá pelos anos 80, meu avô arrumou umas camisetas emprestadas. Quase que um fardamento inteiro, aliás, era um fardamento inteiro do São Paulo. Todas licenciadas (e acredito que eram oficiais), pois tinham a logo e a etiqueta da Penalty. Parte dessas camisetas se extraviaram e o meu avô precisou comprá-las de quem havia tomado emprestado. Até hoje, é isso que eu sei. E as que restaram, foram guardadas. Havia umas 6 delas. Então, eu não hesitei. Tratei de ir buscar imediatamente uma daquelas camisetas são-paulinas. E feito o carreto. Tricolor azul pra cá, tricolor vermelha pra lá. O Diego, mesmo sendo muito colorado, é um entusiasta também. Gosta de futebol. Talvez por isso, tenha feito este brique. E também porque não faria muito sentido ele ter com ele uma camiseta do Grêmio. Eu, por exemplo, jamais teria comigo uma camiseta do colorado. Daquelas do São Paulo, duas delas eu doei a dois amigos são-paulinos. O Manoel e o Dione. As outras duas, vendi (a um preço muito justo) para um rapaz lá de São Paulo. Léo o nome dele. Uma delas ainda está lá na casa da mãe. Guardada de recordação.
Enfim. Faceiro era eu. Com mais uma relíquia tricolor. E o Diego sabia que eu cuidaria e muito bem dela. Talvez tenha sido este um dos motivos, vai saber... E esta foi a camiseta com que o Grêmio conquistou a terceira Copa do Brasil em 1997. Calando um Maracanã lotado de flamenguistas. Detalhe. Lembro muito pouca coisa deste dia. Lembro que João Antônio (autor de um dos gols) estava com o braço machucado. Também lembro, do gol do Carlos Miguel. O básico, né... Mas só. Se contar mais, será invenção. Por fim, foi com esta camiseta que fui pela última vez ao Velho Casarão, em 2012 no jogo contra o Coritiba.